“Depois de Orwell ter completado vários rascunhos daquilo que viria a ser Na Penúria em Paris e em Londres, e depois de ter mudado a ordem dos acontecimentos (de início, as suas experiências em Londres precederam as de Paris), o livro foi rejeitado por Jonathan Cape e T. S. Eliot, em nome da Faber & Faber (tal como, mais tarde, ambos rejeitariam O Triunfo dos Porcos). Nessa altura, Orwell desistiu. Contudo, uma amiga, a Sr.ª Sinclair Fierz, enviou o manuscrito dactilografado ao homem que viria a ser o agente literário de Orwell, Leonard Moore, da Christy & Moore. Moore convenceu Victor Gollancz a publicá-lo. Orwell queria publicar anonimamente, primeiro porque achava que a sua vida de vagabundo e maltrapilho poderia afetar os pais, e em segundo lugar porque, tal como contou ao seu amigo Sir Richard Rees (revisor do The Adelphi, para o qual Orwell escrevia), ele tinha um medo curioso – uma superstição – que o levava a crer que, a partir do momento em que o seu verdadeiro nome aparecesse impresso, poderia abrir caminho para que um inimigo lhe fizesse «um tipo de feitiço qualquer». Mas Gollancz fazia questão de ter um nome, e Orwell acabou por sugerir, entre vários outros, George Orwell. Continuaria a ser Eric Blair nalguns contextos e para os velhos amigos, mas os seus escritos a partir de então, à exceção de alguns que redigiu para a BBC, passaram a aparecer com o nome «George Orwell». Em 9 de Janeiro de 1933, Na Penúria em Paris e em Londres foi publicado por Gollancz e, seis meses depois, em Nova Iorque.”
George Orwell, in Diários (1931-1949)