Patricia Lee Smith nasceu a 30 de Dezembro de 1946 em Chicago, Ilinois. O mundo conhece-a como Patti Smith desde 1970. Patti Smith é tudo menos convencional, ou não fosse uma lenda viva da geração beat.
Em 1967 mudou-se para Nova Iorque onde conheceu Robert Mapplethorpe quando trabalhava numa livraria. O primeiro livro de Patti Smith, Just Kids (2010), é uma homenagem a Robert e a esses tempos de intimidade extasiante com a cidade de Nova Iorque como fundo e os génios que nela habitavam como companhia.
Em 1976 conhece o músico Fred Sonic Smith, em Detroit. Os dois começaram uma relação à distância que culminou, dois anos depois, com a ida de Smith para Detroit e o início de uma relação de 17 anos. Fred morreu em 1994 vítima de um ataque cardíaco.
Em Maio de 2016 chegou às livrarias portuguesas o seu último feito: M Train. Como a própria nos diz, o livro é “um mapa das estrelas da minha vida”.
M Train leva-nos pela memória de Patti a lugares que fizeram parte da sua história. De Nova Iorque à Guiana Francesa, ao México e à casa de Frida Kahlo ou ao túmulo de Sylvia Plath em Yorkshire e de Jean Genet, em Larache, passando por Berlim e pelo Japão, acompanhamos a autora numa viagem interior, cheia de lugares e pessoas, escrito na solidão de um café nova iorquino.
Patti partilha connosco os diferentes tempos que uma vida, necessariamente, tem, assim como as mais variadas influências que pode entrelaçar em si mesma. Como um relógio sem ponteiros que marca todas as horas invisíveis. E se o primeiro livro de Patti foi uma homenagem a Robert, este é uma homenagem a Fred, o homem que marcou outro dos tempos da sua vida e o único com quem casou.
No entanto, não se resume a Fred. Podemos encontrar-nos com Jean Genet, Albert Camus, Frida Kahlo, Jack Kerouac, William Burroughs, Roberto Bolaño, Alfred Wegener, Neil Young, Wittgenstein, Murakami, Maria Callas e muitos outros. Patti é exímia a inspirar-nos através da sua própria inspiração.
Não consigo escolher entre Just Kids e M Train, os dois livros são complementares e, neste caso, um segue o outro, cronologicamente. Dos sonhos da inocência aos sonhos da experiência Patti Smith faz-nos gostar de (a) ler. E que mais se pode pedir a um escritor?
Rock & Rolla
Jun 2016