“Quando Martin Luther King Jr. se dirigiu à multidão a partir dos degraus do Lincoln Memorial em Washington, a 28 de agosto de 1963, não se limitou a apelar às bases da justiça nas tradições e princípios fundadores da América; também fez a defesa mais eloquente de sempre acerca da forma correta de tratar os outros seres humanos. Falou depois de séculos em que os negros americanos tinham sido primeiro escravos, depois cidadãos de segunda classe, mas também numa era em que as leis racistas permaneciam nos livros estatutários dos estados americanos. Vigoravam ainda as leis da segregação racial, incluindo os da antimiscigenação, prontas a punir casais de diferentes origens raciais que se tivessem apaixonado. O insight moral mais importante do Dr. King é que, no futuro com que sonhava, os seus filhos viveriam “um dia numa nação em que não seriam julgados pela cor da sua pele mas pelo conteúdo do seu caráter”. Embora bastantes pessoas tenham tentado concretizar essa esperança e muitas o tenham conseguido, nos últimos anos desenvolveu-se uma corrente insidiosa que escolheu rejeitar o sonho do Dr. King e insistir que o conteúdo do caráter não vale nada em comparação com a cor da pele de uma pessoa. Decidiu que a cor da pele é tudo.
Em março de 2019, a professora Robin DiAngelo, da Universidade de Washington, fez um discurso na Universidade de Boston. DiAngelo é especialista em “estudos da branquitude” e escreveu um livro, White Fragility. Visto DiAngelo ser branca, tem de se rebaixar um pouco para conquistar a confiança das suas audiências. Fá-lo assegurando que tem consciência de, pelo simples facto de estar num palco e falar, estar a “reforçar a branquitude e centralidade da perspetiva branca”. Ela pede perdão afirmando, por exemplo, que, “Gostaria de ser um pouco menos branca, o que significa um pouco menos opressora, indiferente, defensiva, ignorante e arrogante. À sua audiência em Boston também explicou como as pessoas brancas que veem as pessoas como indivíduos e não pela cor da pele são, de facto, “perigosas”. O que significa que levou apenas meio século para que a visão de Martin Luther King fosse completamente invertida.”
[Douglas Murray in “A Insanidade das Massas, 2019]