Introdução: John Stuart Mill (1806-1873) foi um dos primeiros homens a defender a igualdade de género e, consequentemente, os direitos das mulheres; Num livro intitulado “A sujeição das mulheres (1869)” Mill demonstra, em quatro capítulos, o quão indefensável é a subordinação do sexo feminino ao masculino; Naquele tempo, era negado às mulheres o exercício das mesmas funções que os homens detinham, as mulheres estavam submetidas à lei do mais forte e era-lhes exigido devoção e afeição;
Desenvolvimento: A sujeição das mulheres aos homens nunca foi algo natural mas sim uma criação social que oprimia e forçava as mulheres a ceder ao despotismo masculino; O direito legal ao voto, o desenvolvimento de quaisquer atividades intelectuais, o exercício de profissões livres, a ocupação de cargos públicos e a importância da educação foram alguns dos argumentos que Mill utilizou para defender a possibilidade de um mundo melhor e mais justo; O aumento do número de pessoas a atuar em prol do progresso da humanidade deveria ser visto como algo bom e indiscutível; Por outro lado, as mulheres detinham uma certa influência sobre os homens na medida em que eram mães e esposas e o facto de poderem ser mais esclarecidas e livres faria com que a sua influência fosse significativa e qualitativamente melhor;
Conclusão: O que faz com que ainda hoje seja crucial citar e ler os pensamentos de Mill é que a sua luta pela igualdade de géneros não coloca as mulheres e os homens em posições antagónicas, não apregoa a superioridade feminina à masculina, não masculiniza as mulheres, não extrapola os direitos femininos nem chega à estupidez de afirmar que há diferenças cognitivas intrínsecas entre os géneros; Há algo de errado com um feminismo que usa e abusa da superioridade feminina e se transforma num machismo cor-de-rosa; O feminismo ainda tem passos para dar e caminho a percorrer mesmo que atualmente as mulheres sejam mais livres do que nunca (no mundo dito ocidental); O importante é que esses passos sejam dados em conformidade com argumentos válidos e enriquecedores e não como uma brincadeira de crianças mimadas à procura de atenção; As inúmeras conquistas das mulheres nos últimos séculos deveram-se à inteligência e à liberdade para pensar e seria um erro crasso, nos dias de hoje, voltarmos a fecharmo-nos num rótulo que nos superioriza e opõe ao outro género; O feminismo faz sentido e está longe de ser uma conquista em muitos países do mundo e talvez se olhássemos mais para lá do nosso próprio umbigo esta luta se tornasse global;
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